terça-feira, 25 de junho de 2013

A Revolução Começa no Corpo!

Justamente nos momentos de debate a nível nacional é que fica mais claro a incapacidade humana que mantêm a situação do mundo complicada como está: a falta de habilidade para se relacionar com quem pensa diferente de si.

O planeta é cheio de recursos e repleto de pessoas inteligentes e criativas, mas ao mesmo tempo é repleto de pessoas que sofrem e pessoas violentas.

Parece ponto pacífico que se fossemos capazes de cooperar e de chegar a consenso conseguiríamos uma sociedade muito mais pacífica e saudável. Então porque não conseguimos? Quais são os obstáculos? Seriam as diferentes visões de mundo?

Para além das divergências políticas e religiosas, que deixam a visão de mundo tão diferente para cada um, há alguma coisa que impossibilita o respeito pela visão do outro e induz a tentativa de impor a sua visão aos outros. O que seria isso?

Fragilidade emocional. Em outras palavras, imaturidade. Sim, quando estamos emocionalmente instáveis e desequilibrados, agimos sem sensatez. Nesse estado há tendência de inferir que a causa do sofrimento é o outro, pois como partimos do princípio que nossa visão de mundo é a correta, somos impelidos a imperializar o outro. O problema estaria resolvido quando o outro conhecesse “a verdade”.

O primeiro equívoco é considerar que “a verdade” pode ser imposta, quando na verdade a concepção da realidade acontece segundo as possibilidades de cada um. Sempre através das convicções e pela compreensão. Tentar colonizar o outro é violência e pura perda de tempo.

O segundo equívoco é considerar que a causa do sofrimento é o outro. Na síndrome de Estocolmo o sequestrado passa a gostar da situação que se encontra. Há diversos outros exemplos ao longo da história de escravos que gostavam da situação que se encontravam. Ou seja, o estado de sofrimento, por incrível que pareça é uma decisão. Por isso uma situação que é horrível para uma pessoa pode ser confortável para outra. A maneira como nos relacionamos com a realidade é que resulta ou não em sofrimento.

Mas então, se não podemos impor mudança aos outros e se eles não são a causa da nossa insatisfação, o que o é?

A falta de compreensão de si. Em outras palavras, a falta de capacidade de estar em paz consigo. Esse estado de paz permite uma felicidade tal, que o desequilibro emocional e a instabilidade diminuem. Somente nesse estado é que temos respeito e compaixão.

Para uma nova sociedade, mais pacífica e mais justa, não adianta nos engajarmos em debates infindáveis. Se investíssemos no equilíbrio emocional e tivermos, cada vez mais, pessoas emocionalmente saudáveis e sensatas, os problemas de relacionamento desaparecem e aí sim há alguma possibilidade de consenso. Enquanto as pessoas estiverem emocionalmente frágeis e instáveis, sempre haverá discórdia e conflito.

Até a educação formal e o conhecimento acadêmico são menos importantes que essa inteligência emocional, pois o inculto que está em paz consigo, terá estabilidade emocional para sempre aprender algo.

Esse estado de equilíbrio emocional é uma riqueza difícil de ser medida. É algo como um estado de maravilhamento com a natureza e com própria existência.

Você deve estar se perguntado o que tudo isso que leu até agora tem a ver com o título desse artigo. Tudo.

Para se experienciar o estado de equilíbrio emocional não é necessário fazer um curso ou comprar um kit especial, basta, pasmem, conhecer-se.

Nos dias de hiperestímulo de hoje em dia, com uma quantidade colossal de informação que nos chega às mentes é muito difícil que se comece o autoconhecimento pela mente. Ela anda tão acelerada e cheia, que seria mais fácil estar no meio de uma nuvem de gafanhotos e conta-los do que observar o turbilhão de pensamentos.

Nos resta então, começar pela parte mais palpável e visível de nós: o corpo. E então, fazer investigação minuciosa de todas as amplitudes e capacidades dele, em outras palavras, a conscientização corporal. Um processo que sintoniza nossa auto-imagem com a realidade.

Com o processo de olharmos para si e desfazermos ilusões e equívocos, a mente e as emoções vão se estabilizando e gradativamente vai surgindo mais equilíbrio emocional. Com mais equilíbrio emocional, podemos começar a observar a mente e então, o conhecimento de si se amplia mais.

A revolução de fato se dará quando os indivíduos forem equilibrados emocionalmente. Enquanto esse momento não chega a cena será a de sempre, disputas sistemáticas sem grande chance de conciliação.

Esse processo que descrevi, não é invenção minha. Talvez você até possa conseguir fazer essa odisseia toda sozinho, usando sua criatividade e esforço. Essa busca de equilíbrio emocional começando pelo corpo é uma sabedoria bem antiga e é chamada de Hatha Yoga.









1 comentário:

  1. boa escrita, tenho buscado um "entendimento para a mudança" e parece bastante sensato começar por si. Aquela "coisa cultural" de apontar "culpados" nos coloca numa situação patética de "isenção de responsabilidade" quando na verdade somos parte do todo. Mais uma vez a ineficiência direcionando o comportamento social...
    Quando nos damos conta do quão importante é essa nossa unidade de ser (o eu) para o coletivo, e passamos a cuidar melhor de nós mesmos; nosso corpo, o que sentimos e o que pensamos... a energia que irradiamos e as influências que passamos dão retorno. É gratificante sentir que podemos "mudar as coisas ao redor".
    "muda! porque quando a gente muda, o mundo muda com a gente..."

    gratidão, Bruno!

    ResponderEliminar